Quando era criança, assistia a filmes e novelas românticas e pensava: será que um dia escutarei Eu te amo de alguém? Passou o tempo. Cresci, ouvi e retribuí. Clichê? Que seja, mas não há quem não se emocione ao escutar e ao dizer, ao menos nas primeiras vezes, em pleno encantamento da relação, quando a declaração ainda é fresca, pungente, verdadeira, a confirmação de algo estupendo que se está experimentando, um sentimento por fim alcançado e que se almeja eterno.
O tempo seguiu passando, e me encontro aqui, agora, descobrindo que há outro tipo de te amo a ser escutado e falado, diferente dos que acontecem entre pais e filhos e entre amantes. É quando o te amo não é dito a fim de firmar um compromisso, para manter alguém a par das nossas intenções ou experimentar uma cena de novela. Ele vem desvinculado de qualquer mensagem nas entrelinhas, não possui nenhum caráter de amarração e tampouco expectativa de ouvir de volta um eu também. É singular. Estou falando do Amor declarado não só quando amamos com romantismo, mas também de outra forma.
Explico: Tenho dito te amo para amigas e amigos e escutado deles também. Amor manifestado espontaneamente àqueles que não me exigem explicações, que apoiam minhas maluquices, que fazem piada dos meus defeitos, que já tiveram acesso ao meu raio X emocional e sabem exatamente o que levo dentro e eu, da mesma forma, tudo igual em relação a eles. Mais do que nos amamos nos sabemos.
É um te amo que cabe ser dito inclusive aos ex-amores, ao menos aos que nos marcaram profundamente, aos que nos auxiliaram na composição do que nos tornamos, e que mesmo nos tendo feito sofrer, foram fundamentais na caminhada rumo ao que somos hoje. E indo perigosamente mais longe: esse ex-amor pode ainda ser seu marido ou sua mulher, mesmo já não fazendo seu coração saltar da boca. Pelo trajeto percorrido, e por ter alcançado o posto de um amigo mais que especial, merece uma declaração igualmente comovida.