E que a última coisa que eu possua antes de morrer seja o amor, pois sem ele tudo que terei sido é somente um simples ser vivo que nunca soube viver; Que a minha vida tenha sido boa e intensa o suficiente para que eu tenha entregado um sorriso a quem chora ou uma alegria a quem se encontra em tristeza, pois sem ter descoberto a arte da entrega terei sido somente um alguém que nunca se encontrou; Que os meus amigos tenham sido muitos, mas que desses muitos eu tenha conseguido contar com todos, pois triste daquele que não consegue encontrar em outras vidas a força do companheirismo e do espírito de união; Que aqueles que por ventura eu tenha traído ou feito perder a fé em mim ou até mesmo em si próprios, que um dia possam receber o meu perdão, pois ter a humildade de reconhecer suas falhas e lutar pela conquista da confiança é essencial para a construção da nossa alma; Que os meus pensamentos não tenham se aprisionado em minha mente, mas que os mesmos tenham viajado através das asas da minha imaginação e da minha criatividade; E que esse avião cheio de cargas que hoje chamo de corpo possa finalmente ter se libertado das tempestades do comodismo e dos nevoeiros das falsas alegrias que o mundo as vezes tendeu a me mostrar, pois triste daquele que não enxerga a maior dádiva que pode existir: A vida. E que ao final de cada dia eu valorize tudo aquilo que tenho. E então, quando os meus olhos não mais abrirem e a vida finalmente ter se extinguido desse meu ser, que eu tenha simplesmente sentido aquilo que eu sempre desejei sentir em meu coração: A paz comigo mesmo. E se mesmo assim eu não ter conseguido realizar todos os meus planos exatamente da maneira como planejei, tudo bem. Isso não importa. Tudo que importa é que pelo menos eu tentei ser feliz, pois assim posso dizer com toda franqueza que valeu a pena morrer sentindo-se verdadeiramente vivo.
Eduardo Orlando Holopainen