Esse sou eu. Sentado junto a uma pequena tela da dimensão de uma janela que tem vista para o infinito, eu faço a minha própria arte. Crio cenas, invento histórias, me preocupo, desabafo, choro, dou risada, me procuro e por vezes acabo também por não me encontrar… O que coloco nessa tela é mais do que um mero emaranhado de fatos e sentimentos: É uma tentativa desesperada de se comunicar com aqueles que também possuem telas, mas que por vezes não fazem nada com elas, apenas observam os retratos criados pelos outros. Tais pessoas são ótimas observadoras, mas será que também observam a si mesmas? Será que entendem suas dores ou seus sintomas de tristeza e solidão? E quanto a falsa impressão de alegria que elas tentam passar? Será que elas observam também que chega uma hora em que essa impressão simplesmente desaparece? Será? Não sei… Só sei que aqui estou mais uma vez tentando criar laços entre eu e a minha tela; Entre eu e o meu auto-retrato; Entre eu a minha solidão; Entre eu e você. Triste não são aqueles que se encontram sozinhos, mas sim aqueles que se encontram sozinhos cercados de uma multidão. Tanta gente que fala, passa por ti mas que simplesmente não fica; Não traz lembranças a memória. E tão pouco sentimentos ao coração. Talvez esse seja o preço que deve ser pago por se negar a ser apenas um tímido observador… Mas tudo bem. Tenho certeza que quem nos criou nos fez também para criar, pois nos foi concedido acima de tudo o dom da criatividade. Posso sofrer do mal dos observadores; Posso as vezes parecer triste e submerso em solidão. Mas esse também é o preço por querer se encontrar. Muitos são os caminhos que levam a felicidade e nem todos são tão fáceis como deveriam ser. O caminho que escolhi é o das oportunidades e esse não é um caminho concreto com saídas de fácil acesso: A todo dia que me foi dado, uma nova chance de me encontrar e de encontrar também a felicidade me espera. A todo dia que nasce abro os olhos não só para um novo dia, mas também para um novo eu. E enquanto eu quiser me sentir vivo de verdade devo mostrar aquilo que realmente sou. Esse sou eu. Minhas palavras são minha arte. O que você vê aqui veio da minha tela, mas ela foi escrita não pelas minhas mãos, mas sim pelo meu coração. Aquilo que penso, vivo, respiro, conheço e convivo se mesclam em uma só frase que tenta desesperadamente se comunicar também contigo que possui uma tela, mas que por vezes não faz nada com ela, apenas observa os retratos criados pelos outros: Esse sou Eu. E você o que é? Conte-me a tua história! Mostre-me a tua tela! Crie laços! Não estamos sozinho nessa vida (apesar de muitas vezes parecer o contrário). Podemos parecer todos iguais, mas cada vez que lemos a frase ESSE SOU EU sabemos que esse Eu é muito diferente desse que vos escreve. Sabemos que somos únicos no mundo, mas que possuímos desejos tão similares… Principalmente o desejo de ser feliz. Por isso mais uma vez eu digo: Esse sou Eu. Diga-me quem és e acima de tudo mostre-me a tua vida! Eu continuo a mudar com a minha tela; Esperando que um dia nossos retratos se encontrem e que as nossas vidas se misturem, para que assim possamos dizer simplesmente: Esse somos nós – A junção única e inexplicavelmente bonita do trabalho perfeito de seres tão imperfeitos. De seres que só observam assim como você faz nesse exato momento, mas que podem mudar o mundo se assim desejarem. Esse sou eu. O resto é tudo aquilo que não se viu e que só depende de você para ser mostrado. Basta apenas querer colocá-lo nessa sua vida chamada de tela e nesse seu coração que insisto em chamar de amor. Mas afinal quem é você? Eu sou eu. E essa é a minha última linha, mas jamais será a minha última história.
Eduardo Orlando Holopainen
